Thursday, September 28, 2006

Pedra no rim

Eu não sabia, mas ela já estava lá
Tramando seu plano diabólico.
Maquiavélica, escondera-se até então,
Para devagarinho fazer-me sofrer e
Com tamanha perfídia, começou a dar
Sinais de que vinha para incomodar, pois,
Esta é a sua função causando dor e discórdia.
Primeiro prostra-me por terra e abate-me a fronte.
Depois golpeia-me com veemência por trás.
Seu maior prazer: imitar as ondas do mar
Ora vai, ora vem, ora vai, ora vem...
Cerceia minha razão, anestesiando-me com seu veneno,
Áspide traiçoeira, eis que vou lhe mostrar
Quem é mais forte.
Verás se não esmago-te.
Questa maledita!

Tuesday, September 26, 2006

Silêncio

Zumbido triste de dar dó, incontinência verbal
Que exacerbado de tanto barulho se recolhe no íntimo
E ali se cala para ouvir-se a si mesmo, o sussurro
Em forma de eco psicológico a gritar suas dores e queixumes
Espanta-se quem nunca parou para ouvir,
Assusta-se o mais recolhido dos monges, ao ouvir estes sinais
Da alma que dilacerada e macerada não agüenta mais.
O atroz sentimento de indiferença por si mesma..
Quando a resignação não ensimesma o ente calante
E a fúria guardada explode com toda força se fazendo notar.
E finda num estrondo de paz estonteante e orgásmico se
Misturando com o bem estar de ferida curada e agora notada
Que vai seguir seu caminho mais feliz.

Monday, September 25, 2006

Rubra Rosa

Rubra rosa de pétalas de seda
que brota do caule da paixão,
com suas verdes folhas espalmadas
carregando o broto que do ventre emerge,
suscitando vida e esplendor.

Rubra rosa que faz da terra fértil
o seu alicerce, cerceando a raiz da morte que
lhe interrompe a muda contra o qual
o tempo como um algoz se lhe aplaca.

Rubra rosa que resgata a alegria perdida,
preenchendo as noites de insônia
na sua insígnia faz rememorar o amor.

Rubra rosa cuja beleza encanta o simples
e dobra o ignóbil em sorrisos de arlequim,
revestindo minha vida de novo em mim.

Caminhos pelos quais andei

Caminhos pelos quais andei,
Temeroso como a caça afujentada.
Vias de nuvens no chão tateei
Nos trajetos de noite aluada.


Vou com meus pensamentos e só
Pensando em você ao longe estar.
Minhas idéias se transformam em pó
No limiar de meu sofrer e pesar.


Que a estrela-guia me transporte
Ao teu coração e que eu tente.
Não chorar em te ver tão forte,
Ainda que meu sorriso a ti atormente.


No brilho de seus olhos me espelho
Da alegria contida em te encontrar
Na alegria desse teu sorriso vermelho
Tua boca ardentemente beijar.

Sentir teu afago e o carinho seu
As palavras arderem como pimenta
Dize-me porque fui embora do teu
É que de ti não agüentei a tormenta.

Libertação

Sinto a leveza de quem antes,
carregava um peso nas costas.
Uma alegria em lugar onde
Já esteve cheio de tristeza.
Acho que vivi muito tempo,
Como se não mais sentisse.
E senti muito por tanto tempo,
Sem nem ao menos viver.
Mas agora sou feliz,
Porque antes não o era.
Sem perceber nesse tempo todo,
que o importante realmente é estar
bem primeiro comigo mesmo e depois
com o todo.
E eu fazia justamente o contrário.
Vivia abstratamente aquilo que havia
de concreto em minha vida.
Agora não, vejo tudo muito claro.
Sinto tudo como realmente o é.
Sou feliz assim.

Friday, September 22, 2006

Dadaísmo

Existem olhos,
com inspiração interior
em alta velocidade.

Porque tudo que é verdade
está em álbum,
em forma de vila de paisagens.

Quando elas
desvendando palavras
E o mundo futuro.

Em vida vazia
Que são fotos
de cadeira

Procure entender o compromisso
com equilíbrio em
reflexos vermelhos.

Na rua os encontros
e ritmos são desculpas
para ação e reação.

Difícil é o desafio
e achar a saída.

Thursday, September 14, 2006

Nada a dizer

Nada a dizer
Nada a dizer
Nada a dizer
Nada a dizer
Nada a dizer
Nada a dizer
Nada a dizer
Nada a dizer

As horas

Olho ansioso os ponteiros a gritar o tique-taque
Marcando o tempo que me sufoca,
e prende-me às angústias que são atemporais.

Cada segundo que se passa, é um tempo
Irrecuperável ante a vida que vai-se prostrando,
Incansavelmente, mas esbaforindo com a respiração
Arfante da longa jornada travada.

E os olhos esmiuçam esse ponteiro atroz,
que corre veloz como os felinos nas pradarias
Em livres caçadas pela sobreviência.
Assim vão-se as horas crispando o novo minuto
Que não arrefece,não desiste e não volta atrás.

Tuesday, September 12, 2006

Entrelinhas

Porque será que teimo em
Tentar fazer você entender,
Através das sutilezas o que quero dizer.
Aliás o que digo, que mostro e faço...
Nada, você nem nota.
Onde colocou o seu olhar que não aqui.
Como você tem o dom de não perceber
O que digo, que estou sempre aqui.
E eu digo com os olhos o que as palavras
Não alcançam, arrisco em gestos,
Almejando platonicamente fazer você olvidar
Sair do mundo das sombras,
Se diretamente não percebe, quem sabe,
Nas entrelinhas eu consiga.
Existe algo que você deve saber,
Talvez até já saiba, mas é preciso
Interpretar o que está no meio disso tudo.

Thursday, September 07, 2006

Espelho

Olhei-me no espelho,
E no reflexo invertido
Vi um outro eu, forte,
Sagaz, tinha nos olhos
O brilho da atitude
Que a mim falta.
No sorriso limpo, a clareza
De espírito que há muito busco.
Não reconheci a silhueta
Que ali se apresentava.
O espelho continuava a mostrar,
Queria que eu visse, os cacos
Não são para colecionar.
E na ilusão o mesmo reflexo
Indaga-me: quem é você?

Indiferença



Você me olha como se não me conhecesse,
Como se dobra um papel que um dia foi
Importante...
Mas hoje é um mero pedaço de papel.
Ainda tenho suas lembranças a marcar-me,
A vara curta, ainda cutuca o animal,
E sua estocada bate fundo arrebentando-me.
Hoje só tenho suas lembranças, pois você
Resolveu apagar as minhas.
Seus gestos, sorrisos, estão muito vivos
Em minha memória.
E eu para ti?
E eu...
E...
...

Monday, September 04, 2006

À Minha Esposa

Olhos de esmeralda incandescentes,
Profundos nesses tons brilhantes.
Enfeitram seu rosto reluzentes
Em lindo sorriso de diamantes.
Molduram a sua face de fino langor,
Figurados em páginas de alegria,
Que faz-se perene como o amor.
Envolvendo-me com sua harmonia.
Olhos cor de esmeralda penetrantes
Que enfeitiçam-me e faz-me pirar.
Quando estão estes vibrantes
Com fino trato querem me hipnotizar.
Figuram como as janelas da alma
Por onde se deixa ver a sua essência.
Me tens em tuas mãos à palma
Que me faz ter mais paciência
Olhos de esmeralda lindos, benevolentes
Atentos a todos os movimentos meus.
Que essas armas vorazes e potentes
Conquistem-me todos os dias em apogeu

Elliot Gould

Ninguém pode ser escravo de sua identidade. Quando surge uma possibilidade de mudança é preciso mudar.