Wednesday, October 25, 2006

Álibi

Pé ante pé verifico se ela dorme
Devagar velo seu sono.
Qual anjo dorme profundamente,
Mas me descuido ao sair e vejo
Os móveis rolarem pelo chão.
O barulho estridente não a acorda.
Mas desperta minha consciência
E meu coração aos pulos se espedaça
Em fragmentos de memórias
Latentes e ainda quentes como o sangue
Fremente a pulsar em nossos corpos.
Inconsciente ela dorme seu sono cor-de-rosa
E eu vivo meu pesadelo negro
Naquele quarto gelado, naqueles lençóis
Que agora só me traem.
Na morte fatídica do nosso amor,
Como que a reviver uma novela
Um melodrama canibal que sorve
Meu arrependimento, como único
Culpado pelo assassínio de nós dois.
Esse sono profundo e tenro é o meu
Álibi de que não sou tão inocente assim.

Thursday, October 05, 2006

Afaste-me da Chuva

Afaste-me da chuva, não deixe ela me molhar,
Pois sua água impregna todo meu ser.
Fazendo me encharcar de si e assim
Ficar com todas as suas impressões.

Afaste-me da chuva, pois ela limpa tudo,
E eu não quero que ela me lave da fúria.
Nem tão pouco que me lave por inteiro,
Porque vai apagar muita coisa e ainda molhar-me

Afaste-me da chuva, que ela é prejudicial,
Essa chuva poderá deixar-me mais puro,
E fazer-me repensar a minha vida.

Afaste-me da chuva, porque ela não pode
Fazer-me mais feliz, nem pode transformar
Este dia nublado em dia pleno de pura luz.

Wednesday, October 04, 2006

Pontes

Lados que se ligam a outros por um caminho.
Emenda de dois lados opostos que se interpõem,
Unindo-se em uníssono e único semi elo,
Em todas as pessoas que passam por mim,
Vejo-as como pontes pois ligaram-se a mim
Por algum motivo que até então eu desconhecia.
Mas que hoje são inseparáveis de minhas lembranças
De minhas experiências, pois, foram pontes para
Outros caminhos por onde trilhei.
Muitas dessas pontes já não existem mais,
Outras foram tranformadas em material mais sólido,
Com o passar do tempo se eternizaram como
Ferro em minha existência e hoje, de vez em quando
Cruzo novamente algumas dessas pontes e
Transportando-me de novo à quem me foi e é muito precioso
Refazendo trajetos que outrora caminhei.