Saturday, August 29, 2009

As Palavras

As palavras me comem
Elas, seus significados
E seus significantes.
Palavras têm peso,
Medida e Altura.
Palavras cálidas elevam-nos
Palavras gélidas paralisam-nos.
Por elas podemos mergulhar,
Ou até mesmo flutuar.
Depende de seus tons e
De quem as profere...
As palavras têm força,
Coesão e consistência.
São muito mais que apenas
Meras conexões lançadas ao vento.
Palavras servem para edificar,
Oupara também derrubar.
É pela palavra que tateamos o mundo,
Esse desconhecido, que também surgiu,
Pelas palavras: “... e Deus disse...”
As palavras acalentam e podem mover o
Mundo, as pessoas e as coisas.
Tudo acontece por elas e sem elas
Nada pode ser concluído.
Trate bem sua palavras, pois elas,
Dizem de quem provêm.

Friday, August 07, 2009

Ventre de fêmea formosa

Sua gruta encontro em jactância,
Com saliência rija te dou em mais profundo,
Qual seu glúteo tenro e carnudo
Que em plasma te vertes mui chorosa,
Pelo mais líquido, e também fecundo
Gozo em ventre de fêmea formosa.

Tempestade mental

O mundo cai a minha volta,
E o chão gira abaixo de mim.
Os meus ombros suportam
Um fardo pesado demais.
As pessoas atacam-me
Com seus olhares ferozes,
E palavras de escárnio.
para onde vou, as vozes soam
Como címbalos estridentes,
Confusas e cheias de fúria.
Tudo acontece no subconsciente,
tudo tão subjetivo, mas o corpo
Sente e sei que logo após isso
Virá a punhalada que com certeza,
Não me matará, mas ferirá minha alma
Profundamente.
A ponto de reabrir velhas feridas.
Como poderei com isso de novo?

Pipa

Queria ser uma pipa,
voando ao sabor do vento suave,
ver a vida lá de cima.
Gostaria de estar acima de
minha própria cabeça,
para melhor manejar
meus problemas.
Diz um ditado chinês
que é necessário olhar as coisas
de cima, sair do problema
para achar a solução.
Por isso queria ser uma pipa
e voar sem compromisso, enquanto
tiver o vento por companhia,
que ele me transporte às alturas.
Sentir que lá em cima não existe
mais nada a fazer, senão ser um pipa.
E voar, voar...
Apenas aproveitar, enquanto houver vento.

Espiral

Eu não quero cair de novo
Em espiral, para outra vez
Me perder.
Mas quero sim sentir sua segurança,
Para que possa tomar mais uma vez
A tua mão, e ter a única certeza
Que me resta: que enfim, valeu a pena!

Uma lápide para visitar

Uma lápide para visitar
Mãos serenas, flores postas.
O flash de toda uma vida,
Se passando em movimentos lentos.
De palavras desconexas,
Sons aturdidos...
Repenso toda a raiva que invadiu minha vida,
E nos insights de um rosto deformado
Derramo meu perdão para continuar a viver.
Vou deixando o passado para trás e
Uma lembrança em forma de lágrima
Me leva a viajar no tempo e descobrir
Razões e alegrias que me levem a um
Futuro certo e seguro, e assim posso
Continuar levando adiante.

Azul-turquesa

Vejo os pingos da chuva que encharcam
Meus cabelos e transformam minha visão
Em reflexo azul-turquesa.
Paro imóvel e tento me safar, mas,
A chuva já tomou-me por inteiro
Confundindo minha razão
Na costura dos pingos.
Tudo agora está mais claro e posso ver-me
Realmente como sou, sem rótulos ou
Etiquetas que distingam os meus atos.
Apenas eu, na escura noite fria e
Molhada por teus gélidos espasmos
Em forma de sorrisos-borboleta.
De lembranças que não alcanço mais
À minha volta apenas o refluxo e mesmo
Estático, sei que me rondas,
Que está aí.

Vem deitar comigo

Ei vem deitar comigo...
A noite já vai alta e o sono lhe traiu.
Venha e se aconchegue no meu regaço,
Em meu quente abraço, que anseia por você.
Vem deitar comigo que a cantoria
Do meu silêncio acalma tua noite,
Assim serei tua camomila e o teu ópio,
A primeira te acalma e a segunda
Te faz sonhar mesmo com os olhos abertos.
A primeira te embala e a segunda
Lhe desperta os sentidos, fazendo-te
Ver o onírico mesmo debaixo do mais
Ardente raio de sol.
Então vem deitar comigo, pois a noite
Está tão alta, que parece ter sofrido,
Overdose, overdrink, over end...

O relógio

O sono que me é tão caro não vem,
E as horas, passam bem lentamente.
Dez segundos levam um eternidade,
Para se cumprir.
Ouço no escuro à luz de velas, o tic-tac
Desse meu companheiro de vigília que
O tempo todo fica a lembrar o sonho,
Que deixei de sonhar, as oportunidades
Passadas e deixadas para trás.
Tic-tac...
Me cutucando como a dizer: ei amigo,
Esta noite estou aqui, me ouça um pouco
Antes de irdes repousar.
No colchão, outra companheira
Que também foi expulsa da cama por
Enormes pernilongos-zumbis que vieram
Compartilhar o tic-tac do relógio
Conosco, dentro da noite escura!

A luz da vela

A luz da vela, a caneta singra o papel,
O sono, foi pousar noutro lugar.
Altas horas, é só o poeta e a luz da vela,
A cabeça precisa dar off end
Para o corpo poder relaxar.
Parece a prensa dum jornal que às altas
Horas, começa a trabalhar para dar as notícias
Do dia seguinte.
As palavras se derramam pelos olhos, como,
A cera da vela acesa que se apega ao corpo,
Na tentativa de continuar a ser...
Vela.