Pé ante pé verifico se ela dorme
Devagar velo seu sono.
Qual anjo dorme profundamente,
Mas me descuido ao sair e vejo
Os móveis rolarem pelo chão.
O barulho estridente não a acorda.
Mas desperta minha consciência
E meu coração aos pulos se espedaça
Em fragmentos de memórias
Latentes e ainda quentes como o sangue
Fremente a pulsar em nossos corpos.
Inconsciente ela dorme seu sono cor-de-rosa
E eu vivo meu pesadelo negro
Naquele quarto gelado, naqueles lençóis
Que agora só me traem.
Na morte fatídica do nosso amor,
Como que a reviver uma novela
Um melodrama canibal que sorve
Meu arrependimento, como único
Culpado pelo assassínio de nós dois.
Esse sono profundo e tenro é o meu
Álibi de que não sou tão inocente assim.
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